Se você é fã dos livros de A Torre Negra, de Stephen King, provavelmente vai se empolgar ao ver o filme de 2017 bombando na Netflix. Mas pode confiar: essa empolgação vai durar pouco.
A adaptação estrelada por Idris Elba e Matthew McConaughey é um dos maiores tropeços do cinema quando o assunto é adaptar uma saga literária. Em vez de fazer justiça à história densa e cheia de simbolismos criada por King, o filme entrega um resumo apressado e sem alma que desagrada tanto fãs quanto quem nunca leu os livros.
O filme “A Torre Negra” é um dos maiores erros baseados em saga literária
O problema já começa na proposta: transformar uma saga com oito livros em um filme de 95 minutos.
O roteiro tenta contar tudo de uma vez, mistura pedaços de vários volumes e ainda inventa uma continuação que nem os leitores conseguem acompanhar. Resultado? Uma história corrida, cheia de explicações mal feitas, personagens mal desenvolvidos e uma ambientação que não faz jus à complexidade do universo criado por Stephen King.
O protagonista dos livros, Roland Deschain, virou um personagem secundário. No lugar dele, o foco ficou em Jake Chambers, um garoto de Nova York com visões sobrenaturais. A relação dos dois até tem momentos bons, mas a profundidade da jornada de Roland — que nos livros é quase uma obsessão filosófica pela Torre — vira um simples desejo de vingança contra o vilão.
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A direção também não ajuda. O filme parece não saber o que quer ser: western, fantasia, ação, ficção científica… E acaba não entregando nada.
A ambientação de Mid-World, o universo paralelo da história, parece barata e genérica, enquanto as cenas em Nova York ficam deslocadas. Tudo corre tão rápido que a história mal respira.
Filme foi massacrado pela crítica e fãs da saga de Stephen King
Não é à toa que o filme foi detonadíssimo pela crítica. No Rotten Tomatoes, tem só 16% de aprovação. Sites como o TheWrap chamaram o longa de “desastre completo”, e outros veículos disseram que o roteiro era confuso, os diálogos fracos e o clímax, sem impacto. Para quem nunca leu os livros, o filme parece um monte de ideias jogadas. Para quem leu, é uma versão distorcida e superficial de uma história que é bem mais rica.
Até o próprio Stephen King reconheceu que as coisas deram errado. Segundo ele, o filme errou ao tentar suavizar o conteúdo para garantir a classificação de 12 anos, deixando de fora justamente os elementos mais pesados e interessantes dos livros. A essência da obra, que mistura fantasia sombria, horror e temas existenciais, simplesmente sumiu.
O elenco até tenta salvar alguma coisa. Idris Elba, como o pistoleiro Roland, entrega uma boa atuação mesmo com pouco material. E Matthew McConaughey, como o vilão, faz o possível para parecer ameaçador — mas o personagem acaba soando genérico e mal aproveitado. Faltou química, faltou história, faltou tempo. Muita coisa faltou.
O filme foi pensado como o começo de uma franquia enorme, com filmes e série de TV. Mas depois do fracasso, os planos foram todos engavetados. Teve até piloto de série gravado, mas nada foi pra frente.
Se você nunca leu A Torre Negra, talvez o filme funcione como passatempo. Mas se você é fã da obra original, fica o aviso: prepare-se para se irritar. Melhor guardar seu tempo e sua memória afetiva para os livros.
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